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Hotel Atlântico


Há semanas que dezenas de adolescentes estão acampados à porta do Pavilhão Atlântico à espera do Tokio Hotel. Rodrigo Nogueira tentou descobrir o que é que a pequena da vê neles.


Enquanto escrevemos estas linhas estão acampados vários adolescentes em frente ao Pavilhão Atlântico. Esperam ansiosamente que as portas abram, pelas 18.00 desta quarta-feira, para mais um concerto do Tokio Hotel, que há dois anos estiveram no mesmo lugar e esgotaram a lotação. Querem estar o mais perto possível da banda que mais admiram no mundo e, para isso, não se importam de dormir em tendas baratas durante quase duas semanas. Se os fãs do U2 acampavam há uns anos por bilhetes, as fãs de Tokio Hotel acampam por lugares.

Mas quem é que são estas pessoas que se passam com a banda alemã que faz pop-punk adolescente (apesar de já nem todos serem adolescentes) e ultra-produzido? Fomos à procura dos fãs da banda espalhados pela grande Lisboa e perguntámos-lhes por que é que gostam tanto dos rapazes com cabelos esquisitos.


Rita Bento tem 12 anos, mora em Queijas, e há dois anos gostava muito de Tokio Hotel. Tanto que, inspirada por eles, começou a vestir-se de preto e a usar muitos acessórios. “Hoje em dia já não uso tanto preto, mas ainda uso acessórios”, diz. Foi vê-los ao Rock in Rio, mas este ano não vai vê-los no Pavilhão Atlântico. É que há prioridades: ainda gosta deles, pela “música e pelo estilo”, mas agora ouve “outras coisas” como Miley Cyrus. E quer ir ao Rock in Rio deste ano, por isso é que falha o Atlântico.


Duas garotas disseram que vão lá nem que a vaca tussa são Ana Nascimento e Filipa Monteiro, que já foram aos dois concertos anteriores. São ambas estudantes do secundário, uma tem 18 anos e é do Barreiro, a outra tem 17 e é de Sintra, e são as administradoras do blogue Tokio Hotel Fans, um dos maiores sites de fãs portugueses da banda. Apesar de terem um site dedicado ao grupo, não aderem àquilo a que chamam o “estilo Tokio Hotel” (muita roupa preta, maquiagem e cortes de cabelo radicais), preferindo uma maneira de vestir mais “normal”.

O que é que as atrai na banda? As duas respondem como uma só: “Têm um estilo completamente diferente da generalidade das outras bandas, têm praticamente a nossa idade e falam sobre coisas com as quais nos identificamos. As letras adaptam-se ao que experienciamos no dia-a-dia.” Há ainda outra razão. “Também são uma das poucas que são atenciosas com os fãs, porque sabem que se não fossem eles nunca teriam chegado onde chegaram.”


A paparicar os fãs parece ser o passatempo favorito do Tokio Hotel. Recentemente, Bill e Tom Kaulitz, os dois gémeos que são, respectivamente, vocalista e guitarrista da banda, confessaram estar com problemas auditivos. Fizeram questão de não culpar os fãs, mas sim o volume da música que tocam. É essa parte que estará patente na sessão de autógrafos, na quarta-feira, às 5 da tarde, no Media Markt de Benfica.


Em “Rubber Ring”, canção dos Smiths, Morrissey falava de como as pessoas têm memória curta no que diz respeito às canções que mais as ajudaram em tempos infelizes. Apesar das fãs de longa data acampadas à porta, à data de fecho desta edição os bilhetes ainda não estavam esgotados. Será do cabelo de Bill Kaulitz, que antes era grande, espetado e parecia personagem de manga e hoje em dia é bem mais curto e amansado? É que a música é mais ou menos a mesma. Ainda há um culto grande e fervoroso, mas será que, tal como Rita Bento, os fãs terão mudado? Estarão a guardar-se para o Rock in Rio e para as Miley Cyrus desta vida? Só a noite de quarta-feira o dirá.


Legiões de adolescentes vão gritar quando os Tokio Hotel subirem ao palco do Pavilhão Atlântico na quarta-feira.



terça-feira, 6 de Abril de 2010

by: time out lisboa

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